Empreender por necessidade ou propósito?
Basicamente existem duas maneiras de começar um novo negócio: ou você decide empreender por escolha / vocação e de acordo com o que acredita e pretende viver, ou por necessidade por não conseguir no momento visualizar nenhuma outra possibilidade de trabalho ou melhor.
É claro que o ideal (se é que existe ideal quando se trata do mundo dos negócios) é tomar esta decisão com tempo para se preparar e preparar sua empresa, considerando todos os riscos de um início de operação.
Uma palavra que ganhou destaque nos últimos anos é o propósito e não à toa, afinal, poucos ainda têm o privilégio de trabalhar e se sustentar com o que realmente gostam de fazer (ou nasceram para fazer).
O fato é que mais de um ano depois do início da pandemia do Coronavírus, muitas empresas não conseguiram se manter no mercado e outras tantas foram abertas em forma de respiro e “sobrevivência”. Certamente você conhece alguém que perdeu o seu emprego durante a pandemia e precisou se reinventar, e nestes casos – para essas pessoas, empreender não foi apenas a solução, mas a única opção.
Como eu já mencionei, não existe forma certa ou errada para abrir uma empresa. Até porque o que vai dizer se ela será uma empresa de sucesso ou não, dependerá de outros fatores tais como gestão, estruturação, negociações com fornecedores, e assim por diante. Mas alguns números nos ajudam a entender o cenário que se apresenta diante do nosso mercado em constante tentativa de recuperação.
O relatório da Global Entrepreneurship Monitor 2020 – pesquisa realizada no país pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), revelou que a pandemia do coronavírus tirou quase 10 milhões de brasileiros do empreendedorismo, sendo que as mulheres foram as que mais se viram obrigadas a fechar suas empresas. De cada 10 pessoas adultas empreendedoras que saíram do mercado, com a pandemia, aproximadamente 7 eram mulheres*.
Além disso, o encolhimento do empreendedorismo no país só não foi ainda maior porque continuou a crescer no ano passado o número de novatos impulsionados, infelizmente, pela necessidade. Segundo a pesquisa, o número de novos empreendedores motivados por necessidade saltou de 37,5% para 50,4%. Além disso, 82% dos entrevistados alegaram que a motivação para começar um negócio foi “ganhar a vida porque os empregos são escassos”.
O ponto agora é ajudar como for possível, através de incentivos reais, estes novos empreendedores a se manterem no mercado, crescerem e – consequentemente, gerarem empregos, renda e movimentação na economia. E mesmo que em um primeiro momento estes brasileiros tenham empreendido por necessidade, que eles possam encontrar outras motivações e, quem sabe, um propósito de vida.
BENITO PEDRO VIEIRA SANTOS
CEO da Avante Assessoria Empresarial – VP do Grupo Alliance
Especialista em Reestruturação de Empresas